O que aconteceria se vivêssemos em um mundo onde heróis fossem irresponsáveis, egoístas e não se importassem com nada mais além de sua imagem e interesses pessoais? The Boys está aqui para responder isso. Inspirada nas HQ’s de mesmo nome, a nova série da Amazon traz uma realidade utópica onde a Vought, empresa totalmente voltada para agenciar super-heróis, possui a sua própria e deturpada versão da Liga da Justiça. Agora misture isso ao capitalismo agressivo do mundo atual e temos uma das séries de heróis mais interessantes do primeiro semestre de 2019.
Em “The Boys”, os heróis se tornaram uma indústria milionária, e como sempre as pessoas estão em busca do que as entretém e transformam isso em seu ideal de mundo melhor. Logo elas fecham os olhos para o que ocorre em seu redor e focam apenas em endeusar seus ídolos. Heróis são alugados, por tempo limitado e por sua aceitação governamental e populacional, porém tudo isso com a liberação do governo e da Vought.
Inicialmente temos a impressão de que os heróis também estão em uma corda bamba, já que, assim como empresas, eles passam a ser analisados e vigiados por tudo, podendo ser vítimas de processos e tendo diversos outros problemas, porém logo vimos que na verdade não é bem assim, pois ambos os lados (tanto dos heróis, quanto da Vought) estão sujos e querem apenas alimentar suas vantagens e interesses.
Dentro disso, somos apresentados aos principais personagens da série, de um lado, temos “The Seven” ou “Os Sete”, o grupo de heróis mais poderoso e popular existente no planeta. Liderados pelo Capitão Pátria (Homelander), uma mistura deturpada entre o Super-Homem e Capitão América. Além deles contamos com Profundo (Deep), Trem-Bala (A-Train), Black Noir, Translúcido (Translucent), Rainha Maeve (Queen Maeve) e a novata da equipe, Luz-Estrela (Esse nome traduzido literalmente realmente ficou uma merda, então vamos apenas considerar seu nome original, Starlight).
A interação entre eles busca lembrar a Liga da Justiça, tendo sua sede justamente para reuniões e decisões especificas. Porém, conforme conhecemos melhor cada um dos heróis, percebemos que quase todos possuem hábitos bem “peculiares” e até mesmo escrotos. O grupo é gerenciado por Madelyn Stillwell, que está a frente da Vought na série, uma das diferenças da HQ. Na verdade, já abordando esse ponto, a série possui diversas diferenças da sua HQ, tornando-a mais palpável de estar nas telas e ter um público mais amplo como alvo.
Do outro lado, temos aqueles que dão o nome a série, “The Boys”. Na série não é abordada realmente a origem da equipe, sabe-se apenas que é um grupo de pessoas que busca vingança devido a acontecimentos passados relacionados a problemas com super-heróis. Nas HQ’s eles são agentes e, apesar da série permear por isso, fica bem dúbio de entender. O grupo, encabeçado por Billy Butcher, tem ainda Hughie Campbell, Mother’s Milk e Frenchie.
Para a equipe, vale citar apenas dois dos personagens: Billy, que é quem faz a ponte entre os demais para a formação da equipe. Billy no início nos passa a impressão de que é um personagem duro, e até mesmo babaca que se preocupa apenas com os fins, não importando os meios que utilizará. É um personagem que está focado em sua vingança e que apenas no futuro descobrimos o porque que ele é tão obstinado.
Por fim, Hughie, podemos o considerar como principal protagonista da série, pois é ele que leva aos demais acontecimentos da temporada. Conhecido como um cara fraco, passivo e até mesmo idiota, ele tenta mudar e busca se vingar após perder sua namorada (Não, não é spoiler, isso ocorre logo no inicio), Robin, devido a um “acidente” envolvendo Super’s. No decorrer da trama vemos esse personagem tendo de lidar com diversos dilemas próprios para então tentar conseguir justiça pelo que ocorreu (não se engane nesse ponto, a série não é tão profunda quanto parece).
A série na verdade não é tão séria quanto aparenta. Ela traz diversas piadas infames com o mundo de super-heróis e é cheia de clichês, muitos incluídos propositalmente apenas para dar uma melhor narrativa e para sempre nos lembrar de que tudo isso deve ser baseado naquelas antigas histórias de super-heróis que conhecemos, com heróis íntegros e modelos. Nisso, a série lembra um pouco Watchmen no peso que ela traz. Apesar disso, como eu disse, a série não se leva a sério, e diferente de Watchmen, onde realmente temos uma carga sombria, The Boys nos entrega uma história “mais leve e amigável”, claro, muito disso se dá também devido às diferenças da adaptação das HQ’s para a Amazon.
A produção passa ainda, mesmo que superficialmente, por algumas críticas sociais incluindo temas como racismo, a importância da imagem frente à realidade dos fatos e a enganação da mídia, porém nada disso realmente é aprofundado, e nem é o objetivo principal, claro.
Porém, um ponto que é levantado muito bem é que, assim como os humanos, os heróis também têm problemas pessoais, seja com sua identidade, necessidade de ser aceito e até mesmo atitudes, alguns até mesmo levando piadas já conhecidas de heróis mais famosos da cultura pop, como é o caso do Deep, claramente uma referência ao Aquaman. Em uma consulta ao seu psicólogo, ele demonstra como se sente por ser parte das cotas, já que seu poder é “praticamente” falar com os peixes, o que o torna uma piada por só ser chamado para missões fúteis ou para entretenimentos voltados para água, como por exemplo, ser o garoto propaganda de um parque aquático. Além disso, ela também demonstra que os heróis possuem vícios, erros, abandonos e afins, dessa forma trazendo uma profundidade muito bem-vinda. Assim, mesmo enquanto odiamos alguns dos Seven com todas as forças, nos apegamos a outros.
A série começa da maneira mais errada possível, no bom sentido, e apesar de ser boa, ela muitas vezes opta por ser previsível e acaba perdendo seriedade até demais, mesmo pela sua proposta, o que a leva a perder boa parte de sua qualidade. Ela possui oito episódios com uma média de uma hora para cada um deles, esse tempo poderia ser tranquilamente reduzido para 40 minutos, principalmente porque alguns episódios são extremamente divididos entre momentos bons e momentos bem maçantes, dificultando bastante maratonar a série de forma rápida, ainda assim, na maior parte do tempo ela consegue entreter e ser bem interessante, até mesmo visceral em diversos momentos.
Felizmente, apesar de ser maçante em alguns momentos, conforme avançamos, a história vai tomando outros rumos e a sensação é de que temos um apego diferente daquele que tivemos quando iniciamos. Começamos a esperar para ver o que acontecerá com cada personagem, e a história vai se afunilando, permitindo que a gente entenda melhor o que está acontecendo.
A temporada finaliza dando o ensejo para uma mudança brusca, principalmente em alguns heróis, e nos deixa bastante curiosos para quais rumos serão tomados na segunda temporada. Espero que, com isso, possamos ter algumas boas batalhas entre os Super’s, mesmo não sendo o tema da série, seria interessante realmente ver alguns deles se enfrentando. Além disso, o último episódio traz diversas “reviravoltas” que ocorrem justamente para corroborar e aumentar nossa raiva contra alguns personagens, e colocar um ponto de dúvida gigantesco na nossa cabeça sobre qual rumo a história vai tomar.
A segunda temporada tem muitos espaços abertos para preencher, dúvidas e ainda heróis para serem melhor explorados. Resta para nós aguardar e, principalmente, ver se ela conseguirá se manter como a queridinha, principalmente com a tão esperada estreia da série Watchmen, que vem por aí quebrando tudo pela frente.
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